segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Prova comentada do Concurso da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil - Parte 3 questões 41 a 50


41. Nas lesões traumáticas do plexo braquial, quanto mais precoce a reparação microcirúrgica, melhor será o prognóstico. O tratamento fisioterapêutico pós-operatório passa principalmente por:
A) Aliviar a dor
B) Normalizar os movimentos cervicais
C) Alongar os componentes do manguito rotador
D) Fortalecer os músculos escalenos
E) Combater a hipotonia com exercícios de alta intensidade

Para responder a esta pergunta recorri a uma colega especialista em lesões de plexo. Ela me explicou que o maior problema de um paciente com lesão de plexo é a dor neuropática devido ao neuroma que se forma na área da lesão. Sendo que a dor é muito freqüente no pré e no pós-operatório, portanto a alternativa mais correta seria a alternativa A. Entretanto o gabarito desta questão é a alternativa B.
Considerando a alternativa B, é importante citar que os pacientes com lesão de plexo também sofrem de alterações do posicionamento de cintura escapular e cervical por assumirem posturas antálgicas no pós-operatório. Uma explicação para o gabarito ser B ao invés de A seria talvez pelo fato da banca julgar que o alívio da dor deva ser realizado por medicamentos, e não por medicamentos + eletroanalgesia . . . Vai saber!!!


42. As síndromes dolorosas crônicas de origem miofascial são muito freqüentes na prática clínica diária. O desenvolvimento de pontos-gatilho está quase sempre associado a estas síndromes.
O tratamento da dor e das alterações secundárias musculares tendinosas e ligamentares são os maiores objetivos a serem alcançados visando diminuir a incapacidade funcional do paciente, sendo o calor um dos principais recursos nas fases subagudas e crônicas dessa síndrome.
A alternativa que fundamenta alguns efeitos fisiológicos do tratamento fisioterapêutico é:
A) O alívio justificado pela Teoria das comportas de Melzack e Wall (1982)
B) a diminuição da rigidez muscular pelo aumento da plasticidade ligamentar
C) a diminuição do processo inflamatório localizado, manifestado na fase aguda
D) a diminuição do espasmo muscular quando associado ao uso do TENS
E) o aumento da distensibilidade do tecido colágeno, por fazer predominar suas propriedades viscosas sobre as propriedades elásticas
Gabarito E . . . Não sei explicar esta resposta. Parece que a banca se apoiou em alguma nota de rodapé de livro. Se alguém souber a resposta, por favor deixe um comentário.

43. A presença dos nódulos de Haberden e Bouchard na mão freqüentemente comprometem o processo de recuperação da saúde funcional, e estão associados a algumas patologias como por exemplo:
A) gastrectasia e artrite reumatóide
B) osteoartrite e tendinopatia de De Quervain
C) artrite reumatóide e contratura de Dupuytren
D) osteoartrite e síndrome de Reynaud
E) osteoartrite e dedo em martelo
A osteoartrite nas mão compromete as articulações interfalangianas proximais (IFP) e as distais (IFD), local em que se desenvolvem saliências ósseas de aspecto nodular facilmente identificável, na face dorsolateral das falanges, denominadas de nódulos de Heberden, quando localizados nas IFD, e de Bouchard, quando nas IFP. Esses nódulos são considerados a marca registrada da osteoartrite de mãos. Portanto, embora o Gabarito seja alternativa A, esta opção não faz o menor sentido pois gastrectasia segundo o dicionário médico refere-se à uma dilatação anormal do estômago.
Espero que esta questão tenha sido anulada
Links: Doenças osteoarticulares degenerativas periféricas

44.O processo de restauração da saúde funcional do paciente submetido a tratamento cirúrgico da síndrome do desfiladeiro cervicotorácico se fundamenta na cinesioterapia.
Os objetivos fisioterapêuticos são:
A) Alívio da dor, relaxamento muscular e prevenção de deformidades
B) alivio da dor, restauração do arco de movimento – ADM – da coluna cervical e prevenção das contraturas de De Quervain
C) relaxamento muscular, prevenção de deformidades e prevenção de trombose venosa profunda
D) prevenção de deformidades, diminuição da parestesia do membro superior e fortalecimento muscular precoce
E) relaxamento muscular, alivio da dor e prevenção de trombose venosa profunda

Gabarito alternativa A
Leiam a monografia: Intervenção Fisioterapêutica em pacientes com Síndrome do Desfiladeiro Torácico: Revisão Bibliográfica

45. No pós operatório imediato das artroplastias de quadril, vários cuidados referentes ao deslocamento de cargas e exercícios de altas intensidade devem ser observados.
Na fase final do tratamento fisioterapêutico, as recomendações mais freqüentes são:
A) mobilização passiva da articulação e exercícios antitrombóticos
B) iniciar a reabilitação da marcha e exercícios respiratórios
C) hidroterapia e bicicleta sem carga
D) exercícios pliométricos e dinâmica de deslocamentos multidirecionais após a 12a semana
E) exercícios pliométricos e funcionais para o controle da dor
Assumindo que tudo correu bem durante a fase aguda de recuperação pós artroplastia de quadril, então estaremos diante de um paciente deambulante sem necessidade de dispositivos auxiliares e sem dor. Então as alternativas A, B e E podem ser sumariamente consideradas falsas. Resta-nos as alternativas C e D. Ora, se temos um indivíduo que deambula sem dor e sem nenhuma outra restrição, devemos impor a ele um programa de reabilitação que gere desafios à suas respostas funcionais de força e propriocepção. Neste contexto, a hidroterapia e a bicicleta sem carganão cumprem este papel
Gabarito: Alternativa D

46. Os exercícios pendulares com elevação anterior passiva e rotação externa passiva de 40º, feitos em supino são indicados no tratamento conservador de fraturas:
A) de Colles
B) de Monteggia
C) Transtrocanteriana femoral
D) Proximais do úmero
E) distal e diafisárias do úmero
Fratura de Colles e Monteggia envolvem o antebraço. O cotovelo não realiza o movimento de rotação externa, portanto as alternativas A e B são falsas. O tratamento conservador de fraturas em região proximal de ossos longos como fêmur e úmero envolvem a restrição de movimento. No caso do úmero, a imobilização do braço tem o objetivo de evitar movimentos na glenoumeral. Portanto a sequência de movimentos exemplificada não pode acontecer. A fratura distal e diafisária do úmero, permitem o movimento na articulação glenoumeral mesmo com a imobilização por gesso.
Gabarito: Alternativa E

47. A fratura do colo do fêmur é freqüentemente associada à osteoporose. Contudo um movimento rotatório de alta velocidade seguido de queda também pode provocá-la.
Os cuidados principais no pós operatório imediato das artroplastias de quadril são:
A) Manter a flexibiliade da cadeia muscular reta posterior e controlar a postura no leito durante o repouso absoluto nos primeiros 10 dias de pós-operatório
B)Precocidade no primeiro levante e marcha independente nas primeiras 48hs de pós-operatório
C) Precocidade na marcha e exercícios com 80% da carga máxima para quadríceps e ísquiotibiais D)prevenção de úlceras de decúbito e exercícios de força o mais precocemente possível
E) Precocidade na marcha e normalização do arco de movimento – ADM – ativo e passivo
Repouso absoluto nos primeiros 10 dias de pós-operatório??? Hahaha, isso é medieval! Alternativa A erradíssima. Nos casos de Artroplastia total de quadril, a ortostase deve ser o mais precoce possível SEMPRE! e a evolução para marcha com muletas ou andadores deve seguir-se a ela.
Gabarito: Alternativa B

48. A intensidade do exercício prescrito para o idoso acamado é indicada para desenvolver força e restaurar a função.
O treino de alta intensidade deve ser feito com:
A) 60 a 80 % da carga máxima com mobilização de mais de 1/6 da musculatura esquelética
B)100% da carga máxima, com 20 repetições em cada uma das três séries de exercícios
C)30% da carga máxima tentando atingir a freqüência cardíaca máxima (FCmáx) no maior espaço de tempo.
D)30% da carga máxima, com 2 séries de 10 repetições objetivando atingir a freqüência cardíaca máxima
E)100% da carga máxima, respeitando a exaustão.
Eu passo o comentário da resposta desta questão pois não saco absolutamente nada sobre o tema. Quem souber explicar a resposta por favor deixe um comentário.
Gabarito: Alternativa A

49. Nas fraturas diafisárias do fêmur na criança, o uso de fixação externa permite a movimentação precoce do paciente. A maior dificuldade encontrada pelo fisioterapeuta durante o tratamento é:
A) Restaurar a função do tornozelo
B) Preservar o trofismo do quadríceps contralateral
C) Realizar o apoio com o membro inferior operado
D) Evitar o desenvolvimento de síndromes dolorosas nos ombros pelo uso de auxiliares de marcha
E) Manter a higiene dos pinos após a sessão de hidroterapia

A priori, uma fratura da diáfise femoral não é motivo para gerar restrição da articulação do tornozelo. Portanto a alternativa A está incorreta. As questões B e D não merece comentário, e a alternativa E é simplesmente ridícula. O uso do fixador externo permite a descarga de peso sobre o Membro Operado. Aliás, esta descarga de peso é encorajada para estimular a formação do calo ósseo. Neste sentido, os pacientes têm muito receio em apoiar o pé no chão com medo da dor.
O Gabarito é a alternativa C

50. As hemiartroplastias de ombro nos idosos ou as artroplastias totais são indicadas nas fraturas multifragmentadas da cabeça umeral.
No pós operatório imediato, durante a hospitalização, deve-se observar, durante o tratamento fisioterapêutico, as seguintes manifestações.
A) Restrição antálgica da amplitude de movimento do ombro e a restrição funcional da extensão do cotovelo
B) Perturbações da marcha e do equilíbrio decorrentes da cirurgia
C) Alteração da função do manguito rotador e da coluna cervical, entre o 2o e 3o dias de pós operatório
D) Edema de estase em ambas as mãos e déficit da função diafragmática
E) Déficit ventilatório e alterações posicionais na amplitude de movimento do segmento vertebral lombar.
O gabarito oficial é alternativa B. No entanto esta resposta não faz sentido, aliás, nenhuma das respostas faz sentido. Mais uma questão que só a banca é capaz de explicar a resposta.