segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A fábula do coelho e sua tese de mestrado

A Tese do Coelho
“ Em algum lugar da floresta, num lindo dia ensolarado, o coelho saiu da toca com computador portátil; pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois, passou ali uma raposa que viu o coelhinho suculento tão distraído no trabalho. Ela ficou intrigada com o fato de trabalhar tão arduamente. Aproximou-se e perguntou:
- Coelhinho, o que você está fazendo tão concentrado?
- Estou redigindo uma tese de doutorado – disse o coelho, sem se desviar do laptop.
- Huummm... e qual é o tema da tua tese? – perguntou a raposa.
- Ah, é uma teoria provando que coelhos são verdadeiros predadores naturais de animais raposas – explicou, desinteressadamente, o coelho.
A raposa ficou indignada com a resposta:
- Ora! Isso é ridículo! Nós é que somos predadores de coelhos!
- Absolutamente!! Venha comigo à minha toca e eu lhe mostro minha prova experimental – argüiu, corajosamente, o coelho.
Coelho e raposa entram na toca. Poucos instantes depois, ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, rosnados, grunhidos e, depois, silêncio.
Em seguida, volta o coelho sozinho; mais uma vez, retoma trabalhos da tese, como se nada tivesse ocorrido.
Meia hora depois, passa um lobo. Ao ver apetitoso coelhinho tão distraído, agradece, mentalmente, à cadeia alimentar, por estar com jantar garantido. No entanto, o lobo, também, acha muito estranho um coelho trabalhando tão concentrado. Resolve, então, saber de que se trata aquilo tudo, antes de devorá-lo.
- Olá, jovem coelhinho! O que faz trabalhar tão arduamente?! – disse.
- Minha tese de doutorado, seu lobo. Trata-se de teoria que venho desenvolvendo há muito; prova que nós, coelhos, somos grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive de lobos.
O lobo não se contém e farfalha em risos da petulância do coelhinho.
- Há! Há! Há! Há! Há! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito! Nós, lobos, é que somos genuínos predadores naturais de coelhos! Aliás, ... – nisso interrompe o coelho.
- Desculpe-me, seu lobo, mas, se você quiser, posso lhe apresentar minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me até à minha toca?
O lobo, mal conseguindo acreditar em sua boa sorte, desapareceu toca adentro, com o coelho.
Alguns instantes depois, ouvem-se uivos desesperados, agonizantes, ruídos de mastigação e... silêncio.
Mais uma vez, o coelho retorna sozinho, intacto; volta ao árduo trabalho de redação da tese de doutorado, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho, vê-se enormes pilhas de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas, e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro de duas delas, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, sonolento, a palitar os dentes.


Moral da Estória

Não importa quão absurdo é seu tema da tese.
Não importa se você não tem mínimo de fundamento científico.
Não importa se seus experimentos nunca provam sua teoria.
Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra mais óbvios bons sensos...
O que importa mesmo É QUEM É SEU ORIENTADOR!!!! “