segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Como a Mobilização e a Manipulação Produzem Analgesia e Relaxamento?



Manipulação e Mobilização Articular: Controle da Dor/Relaxamento Muscular
A manipulação diminui a dor na articulação e nas estruturas periarticulares pela estimulação dos receptores articulares. Isso reduz a percepção de dor pelo bloqueio dos impulsos dolorosos usando-se o mecanismo de entrada, produzindo, assim, o relaxamento muscular, assim, o relaxamento muscular reflexo. A dor pode ser minimizada temporariamente em certas condições pela diminuição das forças compressivas na articulação.
O controle dos impulsos dolorosos ocorre quando o movimento do tecido periarticular manipulado estimula as fibras nervosas proprioceptivas de condução rápida e diâmetro largo que bloqueiam a transmissão das fibras dolorosas de condução lenta e pequeno diâmetro, minimizando a transmissão desses impulsos para o cérebro. A redução da dor pode ter um efeito secundário no relaxamento muscular.
O relaxamento dos músculos periarticulares é obtido pela estimulação dos receptores articulares com técnicas de manipulação articular. Os receptores articulares protegem a articulação de danos que podem ocorrer se ultrapassar a amplitude de movimento fisiológica. Também são responsáveis, em parte, pela determinação do equilíbrio entre forças musculares sinérgicas e antagonistas e pela geração de uma imagem de posicionamento corporal e movimento pelo sistema nervoso central. Existem quatro tipos de receptores articulares:

Tipo I: Posturais
a) Estímulo
1) Mudança das sobrecargas mecânicas na cápsula articular.
2) Podem ficar mais ativos com técnicas de tração do que oscilação.
3) Podem ser ativados pela presença de falhas de posicionamento.
b) Características
1) Baixo limiar.
2) Adaptação lenta (agem por até cerca de 1 minuto após o estímulo inicial).
c) Resposta
1) Dão ao paciente senso de posicionamento estático e dinâmico e senso de direção, amplitude e velocidade de movimento.
2) Produzem aumento de tono no músculo que está sendo alongado e relaxamento do músculo antagonista.
d) Localização
1) Localizados na cápsula superficial.
2) Localizados primariamente no pescoço, quadril e ombro.

Tipo II: Dinâmicos
a) Estímulos
1) Mudanças bruscas no movimento articular.
2) Podem ficar mais ativos com técnicas de oscilação do que com as de tração.
b) Características
1) Baixo limiar.
2) Adaptação rápida (agem por ½ segundo após cada movimento).
c) Resposta
1) Dão ao paciente senso de aceleração e desaceleração articular.
2) Produzem aumento de tono no músculo que está sendo alongado e relaxamento no músculo antagonista quando a articulação está no final da amplitude.
d) Localização
1) Localizados nas camadas profundas dos ligamentos e cápsula.
2) Localizados primariamente na coluna lombar, mão, pé e mandíbula.

Tipo III: Inibidores
a) Estímulo
1) Alongamento no final da amplitude.
b) Características
1) Alto limiar.
2) Adaptação muito lenta (agem por vários minutos após o estímulo inicial).
3) Mais ativos com técnicas de manipulação rápidas.
c) Resposta
1) Dão ao paciente senso de movimento dinâmico e direção de movimento.
2) Inibem o tono muscular.
d) Localização
1) Localizados primariamente nos ligamentos articulares.

Tipo IV: Nociceptores
a) Estímulo
1) Deformação ou tensão mecânica acentuada.
2) Irritação mecânica ou química direta.
b) Características
1) Alto limiar.
2) Não adaptáveis.
c) Resposta
1) Produzem contração muscular tônica.
d) Localização
1) Localizados na maioria dos tecidos.

Quando um paciente for tratado para relaxar a musculatura ao redor da articulação, a direção da técnica deve alongar as estruturas capsulares opostas à musculatura a ser relaxada. Isso resulta em contração da musculatura adjacente ao tecido capsular alongado e relaxamento dos músculos antagonistas. Se forem usados oscilações ou tratamentos direcionados paralelamente à superfície articular, a direção da oscilação deverá ser oposta àquela que pode aumentar a mobilidade intra-articular na cápsula adjacente ao músculo que esta sendo relaxado. Se o objetivo for também aumentar a extensibilidade de estruturas periarticulares, a manipulação deverá ser direcionada para o lado oposto àquele que poderia diminuir a restrição para relaxar a musculatura que está limitando o movimento e, então, na direção que possa tratar a limitação para aumentar a extensibilidade. Pode ser mais efetivo usar oscilações para produzir relaxamento na coluna lombar, mão, pé e mandíbula.
Se a tração ou os tratamentos direcionados perpendicularmente à superfície articular estão sendo usados para o relaxamento, a articulação deve ser posicionada de modo que ocorra alongamento da cápsula na parte oposta ao músculo que esta sendo relaxado. A parte da amplitude que está restrita, desse modo, deve ser evitada. Se o pescoço, quadril ou ombro estão sendo tratada pelo relaxamento, a tração pode ser mais efetiva do que as oscilações.
A manipulação articular pode ser usada para relaxar articulações que estejam exibindo movimento excessivo se as técnicas se limitarem àquelas que não levam a articulação pela primeira parada de tecido. As técnicas que levam a articulação pela primeira parada de tecido são apropriadas para outras razões. Nesse caso, as manipulações bruscas são especialmente efetivas para o relaxamento, pois estimulam os receptores do tipo três.

REFERÊNCIA
EDMOND, L. Susan. Manipulation and Mobilization: Extremity and Spinal Techniques. Mosby-Year Book, 2000.
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